Sempre sonhei em ser mãe. Quando em uma consulta urgente
pelo motivo de uma dor extremamente forte, fui colocada a prova de meu sonho.
Na consulta, descobri que tinha endometriose, uma doença que
causa infertilidade.
Dizem que a endometriose é a doença do corpo e da alma, e eu
concordo, pois afeta essa questão maternal, de poder ser mãe.
Pela minha escolha de
ser mãe, fui submetida há um tratamento de 6 meses e ao final cirurgia. Depois da cirurgia, os médicos me informaram que a
endometriose havia afetado minhas trompas e eu não poderia ter filho
naturalmente, somente por fertilização. Pensei: “não seja por isso que eu não
serei mãe!”
Por obra de Deus, eu consegui engravidar naturalmente na
primeira tentativa. Foi uma grande alegria devido ao meu sofrimento anterior.
Mas em menos de 2 meses eu sofri um aborto espontâneo.
Depois da tristeza que se instalou, afirmei: “Pelo menos eu
consegui engravidar e não ia desistir fácil não”.
Deixei passar um bom tempo e em nova tentativa consegui
engravidar. Era uma menina. Ia se chamar Milena. Eu e meu marido entramos no clima da maternidade e
providenciamos todos os preparativos na espera da Milena.
A gravidez ocorreu de forma tranquila, trabalhei até os
últimos dias, exames ok, tudo perfeito.
Foi quando em uma segunda feira comecei senti as dores e em
poucas horas (em meio a um temporal), de parto normal, às 19:30, de forma
rápida, a Milena estava em meus braços.
O pai nem teve tempo de ir para casa e voltar com as malas
que ela já havia nascido.
Primeira vez no colinho da mamãe.
Eu olhava para ela de madrugada e achava que os olhos eram
diferentes, fechadinhos. Mas eu mãe de primeira viagem e sem muito conhecimento
não podia afirmar nada.
Bem cedinho de manhã, o pediatra entra no quarto e me pede
para fazer um exame genético pois ela tinha características e uma porcentagem
de 95% de ter síndrome de down.
No primeiro momento falei para ele: “me desculpe, mas não
vejo isso nela não!”. Ele me explicou e mostrou as características e depois de
um tempo processando, senti aquele soco no estômago. "Como? O que houve de
errado?".
Optamos por não contar a notícia sem a confirmação.
Foram os 16 dias mais longos da minha vida esperando o
resultado. Trissomia livre do cromosso 21. Era mesmo síndrome de down.
O difícil foi contar para amigos e familiares a notícia.
Aprender a falar e aprender a escutar os comentários. Aprender a absorver
somente o necessário.
Tínhamos muito medo do preconceito, mas recebemos muito
apoio.
Quando a Milena tinha 2 meses, procuramos conhecer a APAE de
nossa cidade. Nos sentimos abraçados e
amparados. Tivemos o sentimento: eles nos entendem e sabem o que precisamos!
O bom é que estamos em outros tempos. Temos associações
como a APAE, temos recursos, temos informações, temos pessoas mais livres do
preconceito.