terça-feira, 10 de dezembro de 2013

APAE

Matriculamos a Milena na APAE quando ela estava com 2 meses.

Foi difícil esse ato, pois nunca pensamos que um dia matricularíamos um filho na APAE.

Os primeiros dias foram muito cruéis para mim.

Recebi todo o apoio e ajuda da direção, profissionais de saúde, professores e funcionários. Mas foi pesado ter que levar um filho até lá.

Me lembro que um dia estacionei na frente na entrada principal, olhei para a placa, olhei para tudo aquilo, me debrucei no volante e pensei: O que eu estou fazendo aqui? Isso não era o que eu planejei!
Respirei fundo, levantei a cabeça, entrei e só pensei nela.  
Ela precisava entrar, ela precisava de atendimento, ela precisava de estimulação para melhor se desenvolver.

Eu olhava para outras pessoas com SD e ficava triste, principalmente as adultas. Até que com o tempo eu compreendi que nenhuma é igual. São vários tipos de estimulação, vários comprometimentos, várias doenças que podem estar associadas e são vários tipos de pais que influenciam totalmente no desenvolvimento das crianças.

Os adultos não tiveram as mesmas oportunidades que hoje a Milena tem e isso vai fazer muita diferença. 

E com o tempo tudo foi ficando rotineiro e mais leve.

 
Se preparando para a festa junina na APAE - com 5 meses.


 A Milena vai na fisioterapia, na fono, estimulação e terapia ocupacional.

 Na fisioterapia - com 9 meses.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

História



Sempre sonhei em ser mãe. Quando em uma consulta urgente pelo motivo de uma dor extremamente forte, fui colocada a prova de meu sonho.

 Na consulta, descobri que tinha endometriose, uma doença que causa infertilidade.


 Dizem que a endometriose é a doença do corpo e da alma, e eu concordo, pois afeta essa questão maternal, de poder ser mãe.


 Pela minha escolha de ser mãe, fui submetida há um tratamento de 6 meses e ao final cirurgia. Depois da cirurgia, os médicos me informaram que a endometriose havia afetado minhas trompas e eu não poderia ter filho naturalmente, somente por fertilização. Pensei: “não seja por isso que eu não serei mãe!”


Por obra de Deus, eu consegui engravidar naturalmente na primeira tentativa. Foi uma grande alegria devido ao meu sofrimento anterior. Mas em menos de 2 meses eu sofri um aborto espontâneo. 


Depois da tristeza que se instalou, afirmei: “Pelo menos eu consegui engravidar e não ia desistir fácil não”.


Deixei passar um bom tempo e em nova tentativa consegui engravidar. Era uma menina. Ia se chamar Milena. Eu e meu marido entramos no clima da maternidade e providenciamos todos os preparativos na espera da Milena.


A gravidez ocorreu de forma tranquila, trabalhei até os últimos dias, exames ok, tudo perfeito.


Foi quando em uma segunda feira comecei senti as dores e em poucas horas (em meio a um temporal), de parto normal, às 19:30, de forma rápida, a Milena estava em meus braços.

O pai nem teve tempo de ir para casa e voltar com as malas que ela já havia nascido.

 Primeira vez no colinho da mamãe.


Eu olhava para ela de madrugada e achava que os olhos eram diferentes, fechadinhos. Mas eu mãe de primeira viagem e sem muito conhecimento não podia afirmar nada.


Bem cedinho de manhã, o pediatra entra no quarto e me pede para fazer um exame genético pois ela tinha características e uma porcentagem de 95% de ter síndrome de down.


No primeiro momento falei para ele: “me desculpe, mas não vejo isso nela não!”. Ele me explicou e mostrou as características e depois de um tempo processando, senti aquele soco no estômago. "Como? O que houve de errado?".


Optamos por não contar a notícia sem a confirmação.


Foram os 16 dias mais longos da minha vida esperando o resultado. Trissomia livre do cromosso 21. Era mesmo síndrome de down.


O difícil foi contar para amigos e familiares a notícia. Aprender a falar e aprender a escutar os comentários. Aprender a absorver somente o necessário.

Tínhamos muito medo do preconceito, mas recebemos muito apoio.


Quando a Milena tinha 2 meses, procuramos conhecer a APAE de nossa cidade. Nos sentimos  abraçados e amparados. Tivemos o sentimento: eles nos entendem e sabem o que precisamos! 


O bom é que estamos em outros tempos. Temos associações como a APAE, temos recursos, temos informações, temos pessoas mais livres do preconceito.